Rodrigo Cid
Nós vemos tantos experimentos sendo interpretados das mais variadas maneiras, mas uma questão epistemológica interessante, que surge ao trabalharmos com experimentos que consideram as respostas das pessoas a perguntas, é justamente sobre se as pessoas envolvidas no experimento (incluindo autores e participantes) estão compreendendo os conceitos envolvidos nos experimentos da mesma forma. É óbvia a justificação da importância dessa questão: se houver uma diferença, os resultados poderão muito provavelmente ser interpretados inadequadamente.
Mas como descobrir se há uma diferença na compreensão dos conceitos? Certamente não há um método a priori de adquirir tal resposta. Contudo, pode a nossa investigação ser a posteriori? Há um argumento também contra este último tipo de investigação, a saber, o de que é um círculo vicioso estar a realizar experimentos para descobrir se as pessoas nos experimentos compreendem os conceitos da mesma forma. Se não sabemos se é da mesma forma que as pessoas entendem os conceitos nos experimentos, não iremos saber disso, continua o argumento, ao realizar um experimento em que não sabemos se os envolvidos entendem os conceitos da mesma forma.
Como solucionar este impasse? O que penso é que há algo de errado com o argumento contra a investigação a posteriori. Nós, no nosso dia a dia, temos uma forma de sabermos se os outros estão compreendendo os conceitos da mesma forma que nós: simplesmente os perguntamos se eles significam y quando utilizam o termo “x”, ou apontamos algo e perguntamos se é aquilo o que o outro está falando quando usa o termo “x”. Nesse sentido, podemos investigar experimentalmente se as pessoas compreendem os conceitos da mesma forma. Por exemplo, para saber se as pessoas compreendem o termo “contradição” da mesma forma, podemos fornecer-lhes uma certa frase e perguntar-lhes se elas a consideram uma contradição.
O que os senhores pensam sobre isso?