Uma questão sobre a intencionalidade

Rodrigo Cid

:::

Quando pensamos em falar algo e temos boas razões para acreditar que seremos mal interpretados, e daí falamos esse algo e somos mal interpretados, tivemos a intenção de ser mal interpretados? Vou dar um exemplo, que tem 2 persogens, B e C.

Situação:

C faz uma poesia e a declama frente a várias pessoas.

A maioria das pessoas critica pesadamente a poesia de C, e acaba a considerando horrível.

B é amigo de C.

B realmente gostou da poesia.

B, após as críticas pensa: “eu não concordo com essas críticas, achei a poesia muito bonita; vou falar para C que achei a poesia muito bonita. Mas se eu falar isso neste momento, C com certeza (dadas as convenções sociais no círculo de B e C, e dado que B e C se conhecem bem) pensará que eu falei isso só para consolá-lo e que eu não acho que a poesia é de fato bonita. Embora C vá pensar assim, não será isso que estarei falando; e, como eu achei a poesia bonita, falar que ela é bonita será a coisa mais sincera a se fazer e eu aprecio ser sincero. Então é isso que irei fazer.”

B fala para C que sua poesia é bonita.

C pensa que B falou isso apenas para consolá-lo e que ele não acha sua poesia bonita realmente.

.

B teve a intenção de ser mal interpretado? Quando conheço certas consequências das minhas ações intencionais, e realizo tais ações por outros motivos que não essas certas consequências, essas consequências foram intentadas por mim?

Um comentário

  1. C estaria desejando as referidas conseqüências se elas fossem inevitáveis, necessárias, de algum modo. Mas elas não são necessárias. B poderia pensar que, dada a índole de C, C não faria um elogio somente para consola-lo. C arriscou ser mal interpretado, é certo. Mas achou que o risco valia a pena em nome da sinceridade.

Deixe um comentário